N a d a
Falar sobre o nada talvez não
seja falta de assunto e sim falta de foco em um todo nublado, denso e
conflituoso. A rapidez e a informação aliadas tornaram-se não um instrumento
facilitador, mas uma tática terrorista cujos tic-tac, tic-tac, tic-tac, nos
levam a certeza de perdas, pois não podemos reter e produzir tudo aquilo que
gostaríamos nem do que almejamos.
O dia nasce inquieto, todos os
dias. É hora da produção, do entregar a realização de uma vida ou ao menos de
um projeto desta. Mas os hábitos (o café, os jornais, a leitura, a
contemplação, a distração) sempre são relegados ao tempo mal aproveitado.
A lista só cresce. As obrigações
também. E as paixões cada vez mais se deslocam para o campo da utopia, do
inatingível, da vida imaginária.
Pausa. Mais uma.
Começo e recomeço.
Bom novo dia!
text: in portuguese
photo by: Felipa Lux